Se tem uma sigla que cada vez mais aparece nas conversas de infraestrutura e engenharia de software, é SRE — Site Reliability Engineering. Muita gente ainda confunde com DevOps, e até entendo o porquê. Mas quanto mais a gente se aprofunda, mais percebe que o SRE tem um foco bem claro: confiabilidade e estabilidade em escala.
A ideia central do SRE é simples: aplicar engenharia de software para resolver problemas de operação. Em vez de apenas reagir a incidentes, o time de SRE antecipa riscos, mede tudo com métricas bem definidas e automatiza o máximo possível. E sim, isso muda muito o jogo.
Esses são, na minha opinião, os principais pontos fortes do modelo SRE:
1. Confiabilidade como prioridade real
Diferente de outras abordagens, o SRE trata confiabilidade como um produto em si. Tudo gira em torno da pergunta: “Esse sistema está funcionando como deveria?”. A ideia é manter um equilíbrio entre velocidade de entrega e estabilidade, com base em dados.
2. SLOs, SLIs e SLAs
Essas três letrinhas são parte do dia a dia de quem trabalha com SRE. O time define metas claras de qualidade (os famosos SLOs — Service Level Objectives), com base em indicadores reais (SLIs) e compromissos com o cliente ou o negócio (SLAs). Isso ajuda a tomar decisões técnicas com segurança.
3. Erro faz parte (e é calculado)
Uma das coisas mais legais do SRE é o conceito de budget de erro. Basicamente, é o “quanto podemos falhar” sem comprometer a experiência do usuário. Se o sistema começa a se aproximar do limite, o time já sabe que é hora de desacelerar, melhorar os testes, otimizar alertas ou resolver débitos técnicos.
4. Automação e engenharia de verdade
SREs não são apenas “admins com outro nome”. A ideia é que eles escrevam código, criem ferramentas, automatizem tarefas e melhorem a operação com soluções técnicas. É literalmente aplicar engenharia de software na infraestrutura. Isso traz escala e reduz muito o trabalho manual.
5. Cultura de post-mortem e aprendizado constante
Em vez de caçar culpados quando algo quebra, o SRE incentiva uma cultura de post-mortem sem blame. O foco é entender o que aconteceu, documentar e melhorar o processo. Isso cria um ambiente mais saudável e que aprende com os próprios erros.
SRE não é uma moda. É uma forma muito prática e técnica de garantir que os sistemas fiquem de pé mesmo com um volume grande de mudanças e crescimento. Ele não substitui o DevOps — na real, ele é uma forma de colocar os princípios do DevOps em prática com foco em confiabilidade.